Incluído no quarteirão das Cardosas, o empreendimento Passeio das Cardosas representa um amplo trabalho de reabilitação urbana. É composto por habitações e espaços comerciais.

A localização central deste quarteirão e a sua importância patrimonial e urbanística no centro da cidade, impôs uma intervenção ambiciosa, que recuperou espaços comerciais existentes, renovou imóveis para fins residenciais, criou estacionamento público e ainda novos espaços comerciais e de serviços.

O Passeio das Cardosas foi considerado área de intervenção prioritária pela Porto Vivo SRU devido à localização especial na cidade e pela importância patrimonial do edificado. As características da sua configuração e a sua proximidade das redes de transportes urbanos também contribuíram para esta classificação.

O quarteirão foi, assim, devolvido à cidade, cumprindo três funções cruciais: habitação, comércio e serviços de excelência.

O quarteirão das Cardosas é delimitado a norte pela Praça da Liberdade, a nascente pela Praça de Almeida Garrett, a sul pela Rua das Flores e a poente pelo Largo dos Loios e pela Rua Trindade Coelho. Inclui ainda o Hotel Intercontinental, edifício exemplificativo da arquitetura do século XIX na baixa da cidade, localizado no antigo Palácio das Cardosas.

Antes de renascer como Passeio das Cardosas, este quarteirão tinha cerca de 75% da sua área útil edificada subaproveitada e apenas 6 fogos eram habitados. O seu interior era constituído por construções desordenadas. Para além de inestéticas, representavam um potencial foco de degradação e ameaça para a saúde e a segurança públicas.

Torneiras e acessórios Flow

Flow é a prova que o design pode refletir um espírito prático. Uma linha de torneiras e acessórios original e inovadora, para a casa de banho e cozinha, da autoria de Studio P.  Um equilíbrio entre beleza e função, perfeito para ambientes diversos.

Entrevista ao gabinete FAA Arquitetos

Qual o objetivo que norteou esta intervenção?

O objetivo principal da intervenção era conferir condições de funcionalidade, salubridade, segurança e estética, reabilitando os edifícios existentes e reconstruindo o interior do quarteirão. Pretendia-se introduzir novas valências e novas atividades, aumentando a sua atratividade quer no mercado de habitação quer do comércio e serviços.

A solução proposta valoriza e destaca a criação de um espaço público. Daqui resulta um interior desafogado onde o edificado envolvente sai mais qualificado.

Antes desta intervenção, como se caracterizava o denominado Quarteirão das Cardosas?

Cerca de 75% da área edificada do quarteirão estava subaproveitada, estando 60% dessa área devoluta. Cerca de 15% era utilizada como armazenamento dos comércios localizados no rés-do-chão e somente 6 fogos estavam habitados. Para além disso, o interior do quarteirão estava ocupado de forma completamente anárquica por construções secundárias. A SRU conseguiu demoli-lo integralmente.

Quais as necessidades a que se pretende dar resposta com este trabalho?

Os principais desafios passam por renovar o espaço público e o edificado. Fomentar novas relações urbanas com a envolvente e criar uma área residencial de qualidade também são aspetos relevantes.

Quais as principais dificuldades com que a equipa de arquitetura teve que lidar?

Como já referido, tratava-se de uma área edificada bastante complexa e anárquica, com o parcelamento das propriedades muito retalhado e prédios com frentes de dimensões exíguas. Além disso, fomos confrontados com compromissos deixados pelas construções do interior do quarteirão. E pela limitação da atratividade da função residencial de qualidade, devido à ausência de estacionamento e degradação do edificado.

Em traços gerais, como descreve o projeto?

O projeto conjuga a intervenção nas construções existentes na periferia do quarteirão e a intervenção no miolo do mesmo. Consegue criar uma oferta comercial interessante, um parque de estacionamento, um espaço de uso público qualificado e uma área residencial de grande qualidade.

Este espaço interior do quarteirão, com dimensão e proporções muito interessantes, é o ponto fulcral deste projeto. Consegue-se, assim, articular todas as funções que aqui se desenvolvem e estabelecendo ligações com toda a sua envolvente.

Relativamente às questões de arquitetura e valor patrimonial, que opções e operações destaca?

Todas as fachadas existentes foram recuperadas. Como premissas de projeto definiu-se uma linguagem de alçados baseada nas métricas clássicas dos vãos típicos das construções séc. XIX. Os materiais eleitos para o revestimento das novas fachadas foram a pedra de granito tradicional, os azulejos artesanais e as caixilharias de madeira pintada. Embora os materiais e princípios de composição procurassem referências no passado, o projeto cria de forma inequívoca uma linguagem contemporânea em toda a nova construção.

Qual foi a relevância do know-how da empresa em reabilitação no que concerne a preservação do património arquitetónico?

Foi extremamente relevante, se não decisivo. Para além do conhecimento e da experiência em projetos semelhantes, a Lucios tem meios imprescindíveis no decurso da obra. A título de exemplo, foi na serralharia da Lucios que as caixilharias dos edifícios foram restauradas e, assim, reaproveitadas. Vantagens inerentes: redução de resíduos e respeito pelas características do património arquitetónico.